Publicado em: 27/03/2024
O descontrole
nas taxas de colesterol não é problema exclusivo dos adultos, este é um cenário
presente também entre as crianças, e tem se tornado um problema cada vez mais
recorrente. Assim como para os adultos essa é uma condição que exige cuidado,
por causa dos problemas que pode acarretar.
Segundo a Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o colesterol é um tipo de gordura que faz
parte da estrutura das células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado,
intestinos e coração, sendo fundamental para o funcionamento destas células.
Diferenciado entre os tipos LDL, HDL, VLD, o colesterol é perigoso para a saúde
quando em níveis elevados. O LDL, por
exemplo, se acumula na parede interna das artérias e gradualmente vai formando
placas de gorduras (chamadas ateromas). Os acúmulos vão obstruindo gradualmente
as artérias, dificultando a passagem do sangue, e podem provocar infartos e
AVCs.
Mesmo podendo ser um quadro de
cunho genético, as principais causas desse problema na infância,
atualmente, são as dietas inadequadas e a escassez de atividade física,
associadas a uma alta oferta de alimentos industrializados, ricos em gorduras
saturadas, carboidratos e açúcares, o que desequilibra toda saúde da criança.
Há ainda casos raros em que o pequeno tem colesterol alto antes mesmo de
nascer. A gestante, por ser obesa ou ter uma alimentação inadequada,
contribuiria para um processo de deposição de gordura nas artérias da criança.
Consensos nacionais e
internacionais sugerem que a primeira dosagem de colesterol na infância seja
feita, em toda criança, entre 9 e 11 anos, porém, quando houver história
familiar precoce para aterosclerose (como o infarto ou o acidente vascular
cerebral), algum fator de risco cardiovascular ou sinal clínico compatível com
dislipidemias primárias graves em crianças menores, a dosagem do perfil
lipídico deve acontecer a partir dos 2 anos. Segundo pesquisas recentes, 27,4%
das crianças brasileiras têm colesterol total alto! O dado é de uma grande
revisão de estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que
selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do Brasil com crianças e jovens de
2 a 19 anos.
Os hábitos à mesa são formados
principalmente até os 7 anos, fase esta que devemos reforçar uma alimentação
equilibrada e saudável associada a atividades físicas. Deve-se evitar o açúcar
de adição e estimular a ingestão de ômega-3, presente em sardinha e salmão,
ingerir mais frutas, verduras, legumes, cereais integrais, entre outros,
reduzir o tempo de eletrônicos e aumentar as brincadeiras que envolvam correr e
pular, por exemplo, reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, como
biscoitos, salgadinhos, refrigerantes. Essas são algumas medidas que
ajudam a manter as taxas sob controle. Mas vale lembrar que as modificações
na dieta dos pequenos devem ser feitas com muita cautela para que eles não
sofram com a deficiência de algum nutriente.
Embora o colesterol alto possa ser mais frequente em crianças “gordinhas”, as crianças “magrinhas” também podem ter colesterol alto e devem fazer exame. Por meio do diagnóstico precoce, além de algumas medidas de prevenção, é possível evitar que surjam consequências graves dessa condição, por isso, mantenha as consultas de rotina em dia.
“Ser médico é ser guardião da vida,
é saber que a medicina é o remédio para as dores humanas, é praticar a arte de
ouvir, compreender e trazer alívio ao sofrimento. O mais importante, nesse contexto,
é exercer a medicina de coração aberto, repleto de amor, compaixão, cuidado e
generosidade, com a atenção que cada paciente necessita. Afinal, cada vida
salva ou cada dor suavizada é a prova de que o nosso propósito é real e
transformador na vida das pessoas.”
Umuarama-PR
Dr. Januário F. de O. Cavalcante
CRM-PR
31.001 | RQE 26.065 | RQE 26.134
Pediatra
- Endocrinologista Pediátrico